A Pele que Habito’, é um filme espanhol do ano de 2011, que tem como personagem principal o doutor Robert Ledgard, interpretado por Antonio Bandeiras. O filme, num contexto mais superficial, conta sobre um notável cirurgião plástico, alimentado pela obsessão de recriar em laboratório uma espécie de pele humana, desde que sua esposa sofrera graves queimaduras após um acidente de carro.
No entanto, com o decorrer do filme, e alguns acontecimentos que são relatados sobre a vida de Robert e de todos a sua volta, o filme começa a se estruturar e mostrar uma face ainda mais perturbadora (do que o normal). A estória passa sobre ao que imaginamos no começo, somente retratar da substituição de pele de uma moça que vive em um quarto na casa do doutor. Porém, tal moça, não era, naturalmente, uma mulher.
Robert e Vera
Vera, como mostra ao longo do filme, é uma vitima de sequestro feita por Robert, por ela quando ainda era homem e chamava-se Vicente, ter estuprado sua filha em uma festa de casamento, que tempos depois, se suicidou pelo trauma do ocorrido.
Nos é mostrado que para se vingar, Robert o sequestra e planeja mudar seu sexo como forma de punição, e a partir desse ponto, a relação de Robert como um manipulador mental e Vicente/Vera como um escravo mental começa a ficar mais evidente, e assim, colocando em filmes, mais uma vez, a forma como funciona vários tipos de controle mental monarca sobre uma pessoa.
Vicente em uma das cenas do filme, levanto um jato de água fria muito forte para se limpar
Dias após sua filha ter sido estuprada, o doutor Ledgard sequestra Vicente em uma estrada e o prende quase nu e acorrentado em um local que mais parece o fundo de uma caverna. Neste local, Vicente começa a sofrer torturas psicológicas, que vão desde a fome e a solidão por dias. No entanto, tem sempre o suprimento de água como forma de mante-lo vivo. A partir desse ponto, até que Robert aparece para ele, Vicente muda de um ódio por estar preso até por implorar para que ele não ficasse sozinho.
Em um certo momento, Vicente é levado para a mesa de cirurgia, onde é levado a fazer a mudança de sexo. Depois do ocorrido e ter, de certa forma, sido transformado em mulher, Vicente é incentivado a se acostumar e trabalhar a si mesmo a ser uma mulher.
Vicente no final da cirurgia, que agora se chamaria Vera
Após ter toda a pele do seu corpo trocada, Vicente é transformado em Vera, que é uma cópia em corpo, rosto e pele, da antiga mulher de Robert. A partir deste ponto, a personalidade começa a ser cada dia transformada, para se acostumar como uma mulher, e deixar que Vicente (que seria seu eu verdadeiro) deixasse de existir para dar lugar a Vera.
Enxergando aquilo, de certa forma, como uma prisão, por ficar dentro de um quarto trancado, Vicente/Vera, começa a escrever nas paredes, com os produtos de maquiagens que lhe era dado. Além disso, Vicente/Vera, assim como inúmeros escravos Monarcas, era monitorado o dia inteiro por monitores, em partes da casa, como a própria cozinha.
Além das pinturas nas paredes que são semelhantes as feitas por presos em cadeias contando os dias para sair, Vicente/Vera faz um desenho curioso, onde desenha um corpo, mas no lugar da cabeça, uma casa
Outros desenhos também aparecem repetindo o padrão do corpo com a casa no lugar da cabeça, e no canto direito, vemos um corpo no meio de duas faces
Os desenhos de Vicente/Vera nos revela o que acontece no mental dele, aonde, apesar do corpo de mulher, como as próprias imagens retratam, o que realmente estão sendo controlado com isso tudo, é sua mente, que como uma casa, está sendo divida em vários cômodos e manipulada por Robert. Isto fica ainda mais explicito no desenho do canto direito, onde o corpo no meio de duas faces, representa a luta e/ou confusão mental que o corpo e mente estão, para entender quem realmente é e quem está no controlado.
A imagem de duas faces, muitas vezes, como dito, retratada a divisão mental dentro da pessoa, que é mostrada como a criação do alter ego, que é controlada por um ou mais manipuladores. A exposição deste simbolismo de forma mais pública que tivemos até o momento na indústria, foi na apresentação de Beyoncé no intervalo do Super Bowl:
O palco foi composto de duas faces espelhando-se uma na outra, uma imagem de dualidade que evoca múltiplas personalidades. Para entender mais sobre os simbolismos do show, veja o artigo: Super Bowl 2013: A Agenda Illuminati Continua
Em uma cena do filme, Vicente/Vera é desta vez estuprada por Zeca, que é filho da empregada da casa de Robert, que são ambos filhos dela, tanto Zeca e Robert sem saber. O ponto simbólico da cena vai além da ação sexual, mas por Zeca, o estuprador, estar vestido com uma fantasia de tigre por causa do carnaval, o que nos remete a Programação Felina (Beta Sexual), como se Vicente/Vera estivesse sendo forçada a um novo trauma mental.
Cena onde Vicente/Vera começa a sofrer a violência de Zeca, que está fantasiado com a roupa de tigre
O filme continua em seu decorrer a contar como tudo aconteceu. Todavia, próximo de seu final, Vicente/Vera vê na mesa do escritório de Robert junto a várias fotos no jornal na seção de desaparecidos, sua velha aparência em uma foto e sofre como um colapso mental, onde fica meio perturbado ao ver.
Após alguns dias, quando enfim, Vicente como Vera, resolve ceder as tentativas de sexo de Robert, ele/ela acaba por mata-lo pelo ódio ter novamente vindo a tona. No entanto, um ponto simbólico ao final e que retrata como se a personalidade ‘Vera’ tivesse tomado controle, é quando voltando para ver sua mãe, Vicente/Vera, primeiramente fala com uma amiga e colega de trabalho, e mostra a ela, o mesmo vestido, que em momentos iniciais do filme, sua amiga a disse para usar, se ele havia gostado tanto da peça de roupa.
Que bizarrice hein
ResponderExcluirJá assisti esse filme,a principio nao tinha percebido como tem tantas simbologias de controle mental. Mas é um filme muito interessante e triste ao mesmo tempo.
ResponderExcluirCoisa esquisita eu hein
ResponderExcluirAlmodóvar é repleto de controle mental e temas polêmicos envolvendo transtornos psiquiátricos e sexuais de todo gênero. Nojo.
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