A exibição de Kony 2012 no Norte do Uganda não foi cumprida com os Estados Unidos queriam. Muito pelo contrário, os ugandeses ficaram horrorizados em "Tornar Famoso" a campanha que deu Joseph Kony status de superstar. Compreendo perfeitamente o que eles dizem. A definição de "famoso" é ter uma reputação generalizada, geralmente de natureza favorável. Sinônimos de "famosos" são famosos, notáveis, ilustres, célebres, eminentes, ilustres. Não é preciso ser um especialista em neolinguística a entender que a campanha de "torná-lo famoso" pode ser percebida pelo cérebro de uma maneira perversa. E os ugandenses não são fãs do merchandising. O que também é muito compreensível.
Diante dessa crítica, os representantes da Invisible Children declararam que Kony 2012 "foi alvo de educar um público mais jovem ocidental". Em outras palavras, o vídeo foi feito sob medida para doutrinar jovens ingênuos e crianças americanas e européias (como vimos no artigo Kony 2012: A Propaganda de Estado para Uma Nova Geração) e mais ninguém. Bom retorno. Aqui está um artigo do The Guardian sobre o rastreio.
Exibição de Kony 2012 Gera Raiva no Norte da Uganda
O filme já foi visto mais de 77 milhões de vezes em todo o mundo, mas não por aqueles que mais conhecem Joseph Kony: suas vítimas no norte de Uganda.
Essa situação mudou na noite da última terça (13), quando milhares de pessoas se reuniram para assistir a "Kony 2012", o vídeo feito por uma organização de caridade americana para pedir uma campanha de base contra o "senhor de guerra" foragido.
Antes do pôr-do-sol da terça-feira, duas varas metálicas foram enfiadas na terra seca e grama e um lençol branco foi suspenso entre elas, criando um cinema ao ar livre no jardim da prefeitura no centro de Lira, 350 quilômetros ao norte da capital, Uganda.
A notícia da "pré-estreia" foi transmitida pela rádio local, atraindo uma multidão muito grande que foi aumentando ao longo de várias horas e incluía vítimas das atrocidades de Kony. Mas alguns dos espectadores não gostaram do que viram, e a sessão terminou entre vaias e brigas. Alguns espectadores irados atiraram pedras.
"As pessoas ficaram muito bravas com o filme", disse Victor Ochieng, diretor da entidade beneficente local Ayinet (African Youth Initiative Network), que organizou a exibição do vídeo.
Na quarta (14), Ochieng, cujo pai e irmão foram sequestrados pelo LRA (Exército de Resistência do Senhor), de Joseph Kony, comentou: "As reações ao filme incluíram o sentimento forte de que o vídeo não foi, de modo algum, produzido para um público africano e não foi suficientemente sensível às vítimas".
"Foi muito doloroso para as vítimas e suas famílias verem pôsteres, braceletes e botões, todos parecendo campanhas publicitárias sofisticadas da pessoa que é a maior responsável pela destruição de suas vidas. Um rapaz que perdeu quatro irmãos e um de seus braços disse depois da sessão: 'Como alguém pode esperar que eu use uma camiseta com o nome de Kony nela?'."
Ochieng acrescentou: "Para todas as vítimas, a tentativa de celebrizar Kony para reforçar o apoio público a sua detenção é louvável, mas a maneira como se busca promover essa meta no vídeo é inapropriada e ignora os sentimentos das vítimas."
"A ideia de que Kony não merece fama por ter causado tanto sofrimento que foi uma reação avassaladora. As pessoas estavam perguntando 'por que dar status de celebridade a criminosos como ele? Por que não priorizar a situação das vítimas cujos sofrimentos são visíveis?'."
Postado no YouTube em 5 de março e narrado por um dos fundadores da entidade Invisible Children, Jason Russell, o filme atraiu o apoio de celebridades, incluindo George Clooney e Angelina Jolie, mas também vem suscitando críticas por simplificar demais o conflito e não deixar claro que Kony foi expulso de Uganda há alguns anos.
Desde então, em função das reações hostis, a Ayinet decidiu suspender por tempo indeterminado as sessões do filme previstas para outros locais no norte de Uganda.
A radialista Emmy Okello, de Lira, comentou: "Não entendo a intenção deste vídeo. É difícil fazer um relato a nós se você não inclui as pessoas locais. O que deixou as pessoas iradas é que o vídeo é sobre uma pessoa branca, não sobre as vítimas. Todas elas vieram para cá na esperança de ver um vídeo que conte a história delas."
Okello Jifony, que foi forçado a combater sob o comando de Kony por 18 meses, disse à Reuters:
"Esperávamos ver ação séria, americanos combatendo Kony como em um filme real. Por que não usaram as vítimas reais neste filme?"
Ontem houve chamados em Uganda para impedir a entrada no país das camisetas "Stop Kony" (Barrem Kony) da campanha. Uma pessoa que telefonou a um programa de rádio comentou: "O governo precisa nos proteger, vítimas, não apenas de Kony mas também de coisas que nos ferem, como essas camisetas."
"E, como moradores do norte de Uganda, não vamos aceitar que ninguém atravesse a Karuma (uma ponte sobre o Nilo que liga o norte ao centro de Uganda) com essa camiseta."
Um repórter da Al Jazeera, Malcolm Webb, escreveu em um blog: "Uma mulher com quem falei fez a comparação de que vender parafernália de Osama bin Laden depois do 11 de setembro seria altamente ofensivo a muitos americanos, por mais bem intencionada fosse a campanha por trás disso".
Joseph Kony, que se proclama místico, é procurado pelo Tribunal Criminal Internacional por crimes contra a humanidade.
Na terça-feira um general congolês disse que Kony e outros líderes do LRA foram expulsos da República Democrática do Congo para a vizinha República Centro-Africana e já não representam mais uma ameaça a seu país.
O general Jean Claude Kifwa, encarregado de combater o LRA no Congo, disse a jornalistas: "Reduzimos a capacidade do LRA. Para nós, não é mais uma questão de defesa. É uma questão de ordem pública."
A declaração foi feita após uma queixa de Uganda de que o Congo estaria obstruindo sua caçada a Kony, uma operação que conta com apoio dos EUA.
O comentário a seguir a uma reclamação dirigida da Uganda nas proximidades de Congo que estava sendo obstruida na caça apoiada pelos EUA por Kony. - The Guardian
Fonte:VigilantCitizen
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